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A influência do contrato na organização financeira

Atualizado: 18 de abr. de 2020

Quero trazer aqui um relato da minha experiência profissional! Saiba que esse é um recorte do que funcionou para mim e não necessariamente poderá funcionar para você do mesmo jeitinho. Mas, você pode encontrar aqui alguma reflexão importante para a sua prática. Então, vamos lá!


Por muito tempo tive dificuldade de cobrar pelos meus serviços como psicóloga clínica. Achava muito difícil administrar a relação terapêutica, uma certa afetividade construída com o vínculo terapêutico, a possível expectativa de cuidado por parte dos pacientes e a minha necessidade de remuneração pelo trabalho que estava exercendo.


Nesse contexto de muita insegurança, permitia que meus clientes pagassem de acordo com as suas possibilidades. Entenda, não era porque eu acreditava que essa era uma forma justa comigo e com eles, mas sim por que eu não conseguia assumir que o que eu oferecia era um serviço que precisaria estar de acordo com as minhas regras.


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Conforme fui me debruçando mais nos estudos sobre organização financeira, entendi que a minha prática clínica precisava se tornar sustentável nesse aspecto e, para isso, seria necessário rever minhas formas de recebimento.


Foi, então, que decidi recontratar com meus clientes. Mas antes, sentei e anotei o que eu precisava rever no meu contrato terapêutico que pudesse me auxiliar nessa organização, tanto do ponto de vista contábil quanto financeiro.


Alterei as datas de pagamento e passei a permitir o pagamento por sessão ou por mês antecipado – até o dia 10 do mês vigente. E defini formas de pagamento que concentrassem melhor as receitas – transferência bancária e boleto.


Acordei também que em todo mês de março faria o reajuste anual do valor da minha sessão, podendo ocorrer outros reajustes a serem conversados ao longo do processo. E, incrivelmente, só de ter esclarecido esse ponto, me senti bem mais segura para propor os reajustes necessários.


Outro ponto importantíssimo para a minha sensação de estabilidade foi rever as regras de faltas e remarcações. Passei a cobrar por todas as sessões do mês, sob o argumento de que aquela hora que foi reservada para o cliente não poderia ser utilizada para outro fim, já que o horário estaria reservado para ele semanalmente. Essa regra entra em exceção somente em caso de feriado ou férias.


E, quanto às remarcações, estipulei que só seriam possíveis quando o cliente me avisasse com, no mínimo, 24 horas de antecedência. Já que, o horário remarcado sai mais caro pra nós do que o horário original do cliente.


Confesso que, diante de tantas mudanças, fiquei com muito receio dos clientes irem embora e dos novos não concordarem com as regras. Mas não foi o que aconteceu! Percebo que a maioria dos clientes precisa de um acordo com uma estrutura mais organizada, para saberem exatamente como conduzir essas questões mais práticas.


O incrível é que essas regras também me ajudaram a organizar a minha agenda. Hoje são menos pedidos de remarcação para administrar, o que me garante mais tempo para lidar com os outros compromissos de trabalho e pessoais.


É claro que a minha experiência não serve de parâmetro para todo mundo. É importante levar em conta as suas possibilidades e limites, o seu momento na clínica e o que está alinhado com as suas necessidades. Não adianta mudar as regras e não conseguir cumprir os combinados!


Portanto, avalie, coloque no papel e experimente. Encontre a sua forma de criar uma maior sensação de estabilidade financeira na clínica.

 
 
 

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